sábado, 20 de novembro de 2010

Comunidades Eclesiais de Base - Palavra do assessor 19/11

Dando continuidade às reflexões sobre as Comunidades Eclesiais de Base, Pe. Nelito afirmou que os bispos do Brasil, em particular os do Nordeste, sob a orientação do Cardeal Dom Aloísio, então arcebispo de Fortaleza, em assembleia de 1982, aceitaram esse novo jeito de ser Igreja. Aliás, lembrou o palestrante, foi o próprio cardeal quem elaborou esta expressão e quem redigiu o documento que trata das CEBs. Sem dúvida está foi a maior contribuição do Ceará para a identidade das CEBs.

            O tema das CEBs foi relançado na Conferência de Aparecida, em 2007; onde depois da sua conclusão surgiu o documento 92, “Mensagem ao povo de Deus sobre as comunidades Eclesiais de Base”. Desde então não se diz que é um novo jeito de ser Igreja, mas um jeito normal de ser Igreja, brincou Pe. Nelito. O fervor das CEBs é sentida em toda a América Latina, pois, enquanto o Brasil irá celebrar o XII Intereclesial, o México já sediou o XXIX e o estado do Maranhão já realizou o XL Intereclesial.
            O Pe. Nelito lembrou o XII intereclesial, no qual estavam presentes mais de 50 bispos, que propuseram que o Intereclesial fosse tratado na assembleia da CNBB. A equipe central preparou um documento sobre as CEBs para ser apresentado à assembleia geral dos bispos e, posteriormente ser votado por cada um. Dentre os vários regionais se destaca o NE 1 com apenas um voto contra. Antes, porém, dom Moacir Grechi, bispo de Porto Velho, deu seu testemunho sobre a preparação do XII Intereclesial, e a apresentadora Ana Maria Braga falou de sua experiência de CEBs. O documento busca relatar toda a experiência de CEBs.
            A arquidiocese de Natal realizou um grande evento para recordar os cinquenta anos de instalação da arquidiocese no Rio Grande do Norte. Na ocasião se resgatou muitos dos projetos realizados há 50 anos atrás como as escolas radiofônicas, a ação católica e os trabalhos pioneiros das religiosas, como de uma freira, primeira vigária, com autorização para assistir aos matrimônios, muito antes do Vaticano II. O cardeal Dom Eugênio Sales, devido a idade, não pode estar presente neste encontro.
Apresentação de alguns números da Igreja na América Latina e no Caribe:
1.      É o continente com maior número de católicos e cristãos, com 86,5%;
2.      A América tem 45% dos católicos;
3.      Quase metade vive em toda a América, caso se inclua o Canadá e os Estados Unidos;
4.       O Brasil tem 130 milhões de católico, 73,6%, é o maior país católico do mundo; seguido do México, 90 milhões; da Colômbia, 40 milhões; e a Argentina, com 35 milhões.
5.      No mundo somo mais de 1 bilhão; se contamos com os protestantes somos mais de 2 bilhões de cristãos;
6.      Os Estados Unidos é a maior nação cristã do mundo, com 225 milhões; o mais interessante é que a religião com maior número de adeptos é o catolicismo, com 40 milhões, pois os outros cristãos se dividem em várias denominações;
Os pontos fortes da Igreja da América Latina:
1.      Uma Igreja viva, criativa, dinâmica, riqueza de movimentos, de carismas, de ministérios e sobretudo de uma ação no meio dos pobres, de uma cultura bem solidificada;
2.      O laicato é bem participativo, os religiosos tem uma presença muito viva entre o povo;
3.      Grande compromisso com o social, opção pela comunidade, Igreja povo de Deus;
4.      O povo tem um grande zelo pelos sacerdotes, pela liturgia, pela eucaristia;
5.      Curiosidade do nosso povo sobre a palavra de Deus, não ao modo acadêmico, mas uma curiosidade para experimentar;
6.      Uma Igreja participativa, sinodal, os leigos tem uma vivência litúrgica intensa, o povo pode ser Igreja;
7.      Uma Igreja de comunhão;

Pontos fracos:
1.      O catolicismo popular é a nossa maior força e expressividade, mas também é a nossa fragilidade; sofre muitos ataques das novas seitas que se colocam como concorrentes;
2.      Falta formação para o catolicismo popular; aí se tem uma profunda experiência com Deus, mas ainda há ausência de maior embasamento para o povo;
3.      Clero muito ocupado devido a grande extensão territorial e/ou enorme massa populacional, os padres não podem dar assistência aos fiéis;
4.      Laicato muitas vezes não ocupa lugares de decisão, de muita importância e de visibilidade, ou seja, não estão presentes nas universidades, nos jornais, nas grandes empresas, círculos altos da elite, na política;
5.      Pouca presença nos meios de comunicações de massa;
Fraca pastoral, que põem em risco a nossa identidade eclesial; sem espiritualidade sólida, muito trabalho, mas pouco tempo de se fazer a experiência de Deus, de fazer a leitura orante da palavra.

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