sábado, 20 de novembro de 2010

Pe. Nelito continua sua reflexão - Palavra do assessor 20/11

Padre Nelito iniciou sua palestra fazendo alusão ao discurso de abertura do papa Bento XVI na Conferência de Aparecida como norteador para a confecção do mesmo Documento. Nele o papa pediu para que se tivesse atenção bastante especial com o domingo, transformá-lo no dia de encontro com o senhor vivo, como lugar da celebração litúrgica, como dia da eucaristia. A preocupação do papa era resgatar a eucaristia, a celebração da palavra, trazer de volta a possibilidade de se ter uma experiência real de encontro com Deus, na pessoa de Jesus Cristo. A vida cristã tem como essência a eucaristia. Jesus não celebrou apenas uma eucaristia, mas várias, pois em cada encontro se fez de forma eucarística, com aqueles que sofriam ele sentia como se fosse seu corpo, se alegrava com aqueles que estavam alegres. Todas as ocasiões dos cristãos é ocasião de se viver a eucaristia, todos os dias devem ser como um eterno domingo. Nós somos como que uma patena no mundo. O povo de Deus deve ser um povo celebrante, com comunidades eucarísticas, vivas. Tem-se na família a verdadeira experiência da eucaristia, a igreja doméstica, a correia da fé. Deve-se dar atenção à juventude para que ela seja como fermento de uma nova evangelização. Este é um grande desafio, pois ainda não se consegue falar a língua da juventude. A Igreja não pode ficar só com os adultos, os idosos. O catolicismo não pode ser coisas dos avós. A catequese deve possibilitar uma experiência com Jesus Cristo, porém, sem esquecer o ensinamento da doutrina e também da doutrina social da Igreja. Contudo, lembremo-nos que a função fundamental da Igreja é de índole religiosa, todavia, é daí que a Igreja tira forças para trabalhar nas outras dimensões humanas como na política, no social. Devemos conhecer o catecismo da Igreja ou pelo menos a forma resumida elaborada por Bento XVI.
Formar os formadores de opinião, na educação, nas universidades, nos meios de comunicação, na política. Tudo isso à luz pela opção preferencial pelos pobres. Fazer uma opção pelos pobres, diz-nos o papa, não por simpatia, por pena, mas por que Jesus sendo rico se fez pobre para nos enriquecer com a sua graça. Não há outra razão senão esta. O papa Bento XVI escolheu este nome para si como homenagem ao padroeiro da Europa, são Bento, que afirmava que nada deve estar no lugar de Jesus, este é o fundamento de tal escolha.
Os bispos desde o discurso do papa elaboraram o documento tendo em vista o domingo, a liturgia, a eucaristia, a família, a juventude e a catequese - em suas mais variadas modalidades; formar comunidades celebrantes, mas sempre em atenção preferencial pelos pobres. Aparecida trouxe tudo aquilo que era essencial para a catolicidade. Mas surge um desafio: como transformar essas realidades à luz de Aparecida? Todos os movimentos assumirão uma dimensão missionária. O apostolado da oração, o setor juventude, a catequese, por exemplo, assumirão essa missionariedade, ou seja, serão agora movimentos missionários. Prepararemos o povo a partir da leitura orante da Palavra de Deus. Fazer um resgate da leitura da palavra nos círculos bíblicos e noutros movimentos e pastorais. A leitura orante é muito antiga, é lê-la respeitando suas mais variadas nuanças, se deixar colher pela palavra, assumir a palavra com toda a sua força, abrir-se ao Espírito que age em nós, nos faz testemunhas da palavra, mas não se pode dispensar uma contextualização.
O eixo palavra tornou-se fundamental e deve perpassar toda a vida da Igreja, assume uma importância muito grande. Dar prioridade à experiência da fé. Fazer-nos mais comprometido com o povo de Deus.
O eixo sacramente exige dos integrantes que se tornem sinal, sacramentos, sinal permanente de comunhão com os irmãos e com Deus. Tornamo-nos sacramento. Assim seremos como a Igreja: sinal de salvação. Na em sentido social, sociológica, mas nos tornar um elo que sinaliza para um encontro com Deus, e com os irmãos na Igreja. Esta é um grande sacramento do reino. A Igreja não é o reino de Deus, e não se confunde com ele, mas é sinal do Reino. As comunidades Eclesiais de Base devem ser sinal do Reino para a Igreja. Aí se buscará viver os valores do reino aprofundado, na radicalidade do reino.
Dentro desta perspectiva podemos fazer a mesma pergunta que se fez a então cardeal J. Ratzinger: O que o senhor acha da leitura popular da bíblia? Às vezes parece tão complicado ler a bíblia que se julga que só os estudiosos podem ter uma visão de conjunto, a exegese trouxe muitas coisas positivas, mas fez surgir a impressão que uma pessoa normal, não é capaz de ler a bíblia por tudo parece muito complicado. A bíblia é oferecida a cada um, pertence ao povo. Neste caso dou razão à teologia da libertação que faz possível a leitura popular da bíblia. O povo é o verdadeiro proprietário da bíblia, e seu legítimo interprete e não precisa conhecer todas as nuanças. Mas compreendem essencial. A teologia não pode suprimir a suprema simplicidade da fé. A leitura popular nasceu na América latina. A leitura popular da bíblia é para nos fazer ganhar a alma e não perdê-la. As CEBs deve ajudar o povo a ler a palavra.
A pessoa de Jesus Cristo era uma pessoa devocional, muitas vezes era tomado por parte: as chagas, a face, o coração, das mãos ensanguentadas. A fé esclarece todas as coisas e nos ajuda a esclarecer todas as coisas. Jesus não quis ser nem adorado nem seguido, mas amado, depois de ama-lo então se pode segui-lo e adora-lo. Deus nos deu a bíblia para nos indicar onde ele está, onde podemos encontra-lo, pois nós perdemos a capacidade de acha-lo no livro da natureza. As comunidades eclesiais trouxeram o Jesus histórico, encarnado para ser feita uma experiência com ele. Ele, Jesus, assim nos ajuda a resolver nossos problemas, à luz da fé, de modo humano. Trazer um amor apaixonado e apaixonante de Jesus.
Para o evangelho de João Jesus veio ao mundo e ficou apenas sete dias, só que no sétimo dia não descansa, mas continua trabalhando para salvar. É um evangelho muito simbólico. A partir de então podemos montar o esquema de trabalho da seguinte maneira.
1.      Ministério da Palavra: eixo palavra;
2.      Ministério da liturgia: eixo sacramento;
3.      Ministério da caridade: eixo ação.

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